O calendário de shows de 2010 dos Mutantes está mais do que ativo: tem novidades boas, no Brasil e no exterior. Muito do que já está rolando você pode acompanhar pelo Twitter (@osmvtantes) e em breve no novo Site Oficial (em construção).
Entre as novidades para este ano, estão agendados shows pela Europa, durante um mês, entre junho e julho, com destaque para a abertura e encerramento em Londres. O músico Tom Zé, velho conhecido da turma, estará junto.
Senta que lá vem história:
O império d"Os Mutantes" começa em 1966, com a formação clássica Rita Lee, Sérgio e Arnaldo Baptista – Cláudio Dias Baptista, Raphael Vilardi e Roberto Loyola são pré-Mutantes. O primeiro disco, "Os Mutantes", sai em 1968, com arranjos do maestro Rogério Duprat. No ano seguinte, gravam "Mutantes", ao lado de mais dois integrantes do grupo: Dinho Leme (bateria) e Liminha (baixo).
Um adendo: muitos jornalistas especializados não citam Dinho Leme como um dos integrandes “fixos” dos Mutantes. Ou são desinformados ou devem achar também que "The Beatles" era apenas John, Paul e George. Dinho, excelente baterista, começou na carreira musical nos anos 60, com Ronnie Von, o mesmo que deu o nome à banda, e entrou para a formação em 1969. Assim como Ringo foi importante para os Beatles, Dinho faz parte fundamental da história do grupo. E o mesmo em relação a Liminha, o produtor musical, que foi o baixista dos Mutantes até 1974.
Rita Lee deixou a banda em 1972 e Arnaldo Baptista, em 1973.
Ouço Mutantes desde criança. Nasci em 1967, quando os Mutantes já estavam no palco com Gilberto Gil, defendendo "Domingo no Parque", no 3º Festival de Música Popular Brasileira. Como sou de junho, pode ser que uma das minhas primeiras audições d"Os Mutantes" tenho sido com esta música, executada em outubro daquele ano.
Há muitos anos, tive a oportunidade de conversar por longas horas com Dinho Leme que, na minha opinião, deve ter uma visão muito particular da história da banda – assim como Liminha.
A Volta
Em 2006, Os Mutantes foram convidados pelo centro cultural londrino Barbican Hall para uma exposição dedicada à Tropicália. Arnaldo, Sérgio e Dinho toparam a parada, e tocaram acompanhados da banda de Sérgio. O vacal ficou por conta da cantora Zélia Duncan, excepcional tanto na carreira solo como em companhia dos Mutantes. Sem querer comparações com Rita Lee, naquela ocasião Duncan afirmou: “Não sou uma substituta, isso seria ridículo e perigoso para mim. Me sinto uma representante".
Em 2008, Dinho me mandou um e-mail, comentando o retorno deles. "Eu, Arnaldo e Sérgio definimos essa volta como um momento mágico. As coisas aconteceram naturalmente e a cada dia que nos encontrávamos o som ficava melhor e surpreendente", escreveu. Vale lembrar que começava ali um grande reinício, e ainda com as benções das composições em parceria com Tom Zé.
Sobre o som dos Mutantes, revela: "Hoje eu sei o porquê de estarmos até tocando melhor do que antes. Éramos em quatro e depois cinco, com o Liminha. O som de retorno era sempre ruim e a gente tinha que tocar muito alto para segurar o público. E aí, por várias vezes, a técnica ia pro saco. Hoje, com a possibilidade de termos atrás os arranjos do Rogério Duprat com cordas, metais e até fagote, a sonoridade e harmonia total nos deixa a vontade para tocar melhor e mais musicalmente".
"O mais surpreendente de tudo foi a receptividade que a gente não esperava. Só por saberem que os Mutantes estavam ensaiando para tocar no Barbican (Hall), em Londres, foram marcados cinco shows nos Estados Unidos. Depois soubemos que isso se deve a Sean Lennon, David Byrne, Curt Cobain, etc. Esses caras levaram à outros artistas o som dos Mutantes. E assim a gente via o diretor do museu do Rock, em Seattle, receber a gente de tapete vermelho, e o New York Times dar uma página de matéria comparando o Sérgio Dias com Eric Clapton e Santana".
Músicos brasileiros sempre foram relevantes no exterior. De Pixinguinha a Carmen Miranda (que não era brasileira) aos atuais, o encanto pela nossa música é extraordinário. Com os Mutantes nunca foi diferente. E é até hoje. Existe uma legião de jovens na Europa e nos Estados Unidos, pelo menos, que é fã da banda. "Entre outros fatos surpreendentes, o público é muito mais jovem do que a gente esperava. Na comunidade do orkut, 80% são jovens de 17 a 24 anos, pessoas que não tinham nascidas quando os Mutantes pararam de tocar", continua o baterista.
Reconhecimento
São muitos, mas destaco dois fatos que provam a importância dos Mutantes no cenário musical brasileiro e internacional. Em 2008, a Anistia Internacional elegeu os Mutantes como o som oficial para sua campanha no Brasil, em comemoração aos 60 anos de criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. E em 2007 o grupo faz sua primeira apresentação no Brasil, em quase trinta anos, nos 453º aniversário da cidade de São Paulo: levou cinquenta mil pessoas ao Museu do Ipiranga.
Sérgio Dias e Dinho Leme mantêm a banda em pé até hoje. Lançaram, em 2008, "Mutantes Depois", a primeira canção inédita deles em mais de três décadas. Inovando, o compacto da música pode ser baixado gratuitamente na Internet.
Os Mutantes seguem ativos no Brasil, na Europa e, em especial, em Londres.
Se quiser saber mais sobre Os Mutantes, pesquise por aí na internet, nas livrarias… Mas pode começar por aqui.
Vídeo:
Virgínia (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sérgio Dias), disco Jardim Elétrico, de 1971.
No dia 25 de janeiro de 1927 nascia Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, na rua Conde de Bonfim, 634, Tijuca, Rio de Janeiro. O obstetra foi o mesmo que fez o parto de Noel Rosa, em 1910. Em 08 de dezembro de 1994, o maestro encerra sua participação como regente da orquestra da vida. Há 15 anos!
A primeira música do maestro saiu em 1953, numa parceria com Newton Mendonça: Incerteza.
Soberano, amante da natureza e da vida. Um homem sem resumos, onde palavras, frases e pensamentos sempre tiveram sentido universal. E ainda hoje são atuais:
“A criação resolve em parte a angústia. Eu acho que quando você faz música você dissolve uma depressão. (…) Não ia fazer música para incentivar o suicídio, para arregimentar o ódio, nem para conduzir à droga”.
“Minha relação com os dicionários se devia ao fato de minha ignorância ser infinitamente maior do que o que eu sabia. Daí a tentativa de aprender as coisas nos dicionários.”
Incerteza:
NATUREZA
Cantou e compôs para a natureza antes de qualquer “Eco”.
Tom Jobim insinua onde tudo começou: “(…) Meu avô era quem falava dos bichos. Sabia tudo. Tinha paciência para me explicar as coisas. Avô tem mais tempo, porque o pai geralmente está trabalhando para pagar o aluguel. Esse é que é o problema. Percebi isto quando tive esses meus filhos-netos.”
A paixão pela natureza em canções-poesia como PASSARIM
“E o mato que é bom, o fogo queimou”.
“Eu sou o garoto da praia, de Ipanema. Vi coisas lindas que a civilização destruiu”.
Paulo César Pinheiro escreveu parte da letra de Matita Perê, em parceria com Tom Jobim. E descreve: “Comentei com o Tom que a música não ia ser tocada no rádio. É uma música meio sinfônica. Ela tem um tempo muito grande para rádio. Tem quase dez minutos de gravação”. E Tom emendou: “Mas essa música aí não é pra agora. É para adiante”.
Os arranjos do disco Matita Perê foram de Dori Caymmi.
MATITA PERÊ, COM MILTON NASCIMENTO
TOM DAS ÁGUAS: DO MAR E DE MARÇO
”É pau, é pedra, é o fim do caminho…”.
Águas de Março foi lançada em março de 1972, no compacto Disco de Bolso, do jornal O Pasquim. No ano seguinte, entrou no disco Matita Perê (1973) e também no álbum Elis, solo de Elis Regina. Mas a gravação síntese aconteceu em 1974, com o disco Elis&Tom.
Águas de Março é considerada uma das dez melhores composições do século XX.
FOTOGRAFEI VOCÊ NA MINHA ROLLEYFLEX
Econômico nas harmonias, mas intenso em toda sua obra. Sobre essa ‘economia’ de Tom, a compositora e arranjadora Cibele Codonho fez certa vez uma excelente análise do compositor: “Tom me dá orgulho de ser brasileira. Também sou fã do Jobim pianista: o econômico, que não desperdiçava notas”.
A Bossa Nova: Desafinado e Garota de Ipanema.
“O conselho da Bossa Nova é levar a pessoa à vida!”
Não há quem passe pela história da música brasileira que não se depare com Tom Jobim-Vinícius -João Gilberto. Amantes da música têm que percorrer a história de cada um deles, como peregrinos percorrem Roma, Tel Aviv ou Damasco. Ou todos ao mesmo tempo, como Jerusalém.
Desafinado ( Antonio Carlos Jobim / Newton Mendonça – 1958 )
Partitura DESAFINADO.
Arquivo em formato .pdf. Se não tiver: PDF
GAROTA DE IPANEMA
Escrita em parceria com Vinícius de Moraes, a primeira gravação de Garota de Ipanema foi de Pery Ribeiro, em 1963, pela Gravadora Odeon, com arranjos do maestro Lírio Panicalli. É até hoje uma das canções brasileiras mais executadas no exterior.
Letra e música em forma de onda. Nada mais apropriado para uma célebre canção que retrata uma garota a caminho do mar.
AMOR EM PAZ
“Não gosto de discussão e violência. Minha vida sempre foi justamente uma tentativa de viver em paz. De amar em paz”.
VILLA-LOBOS
Jobim conviveu com grandes mestres da música brasileira e estrangeira: afinidades e admirações mútuas.
Tom, Pixinguinha, Donga e Chico
Frank Sinatra e Tom Jobim
“Fui à casa do Villa-Lobos. Quando escutei o Choro nº 10, eu chorei, mas de felicidade, de alegria”.
CHICO BUARQUE
A última parceria de Chico Buarque e Tom Jobim foi “Piano da Mangueira”.
“Chico, a melhor coisa da letra é: já mandei subir o piano para Mangueira”
CHEGA DE SAUDADE
LIVRO: BIOGRAFIA TOM JOBIM – por Sérgio Cabral Resenha: Tom Jobim foi muito mais do que um dos maiores nomes da música popular de todos os tempos. Ao extraordinário compositor, músico e orquestrador, reconhecido mundialmente, somava-se uma personalidade tão fascinante e multifacetada como sua obra. De sua atilada inteligência saíram observações definitivas sobre o Brasil e seus costumes. Assim como suas criações levaram a canção brasileira a experimentar inédita projeção internacional, angariando respeito e admiração de alguns nomes fundamentais da música. Nesta biografia completa de Antonio Carlos Jobim, seu amigo e jornalista Sérgio Cabral nos aproxima amorosamente do universo de nosso “maestro soberano”.
(*) Homenagem ao Tom Jobim. De cunho cultural. No entanto, caso alguém (de fato e de direito) solicite retirar algum link ou citação, por favor, entre em contato.
Consciarte: nome dado a um festival, no início dos anos 80. O primeiro foi realizado em setembro de 1983. Consciência e arte, em época de pré-abertura política, e com pé na campanha Diretas Já!, o festival não se limitou a apresentações “inéditas” de músicas. A proposta foi mais ousada: poesia, teatro, contos. A iniciativa partiu de um grupo de estudantes e professores, com anuência dos padres e diretores do Colégio Dom Bosco, de Porto Alegre (RS).
O blog Consciarte tem como proposição mostrar a evolução da arte, consciente, desperta para todas as formas artísticas e educacionais. Muito embora, como natural, com ênfase na música de qualidade, seja brasileira ou internacional.